Quando nossas garagens não tinham Porsches
Quem já tentou reunir amigos de longa data percebeu a dificuldade de achar uma agenda comum a todos. Isso vale para aqueles colegas de infância ou para a turma da faculdade. O que antes era fácil, hoje tornou-se um exercício de paciência. A disponibilidade de tempo no passado, agora se transformou em compromissos profissionais, viagens, obrigações familiares. Sensivelmente as vidas mudaram desde os períodos mais distantes das nossas memórias. Um fato. A vida era muito mais simples quando nossas garagens não tinham Porsches (mesmo que hoje elas não tenham nenhum superesportivo germânico).
Marcas e negócios sofrem da mesma síndrome
Quando negócios começam sua história no mercado, por mais que exista muito a fazer, a simplicidade faz parte do jeito de ser. As decisões são rápidas, a estrutura flexível, poucas pessoas. Tudo flui e nada importante é deixado para trás. Se tudo der certo e os sopros do acaso forem favoráveis, o crescimento virá. Em ondas, mais rápidas ou mais lentas. A marca passará a aparecer no cenário de competição. Para atender um público maior, a estrutura cresce, mais gente, processos, sistemas, unidades. O que antes era simples, agora ganha uma complexidade que tende a ser exponencial. Ter Porsches na garagem, uma metáfora para o tamanho do faturamento, cobra seu preço.
A vida pode ser mais rica, porém empobrecida naquilo que é importante
Os indicadores de sucesso podem vir exclusivamente das demonstrações contábeis e financeiras. Lucro, faturamento, estoques, geração de caixa, crescimento, número de unidades. Não há dúvida que este é o fim de qualquer negócio com fins lucrativos. Por mais que teorias absurdas tentaram convencer do contrário em tempos recentes. Mas será que são suficientes? A riqueza de uma marca reside apenas em seus resultados? Assim como aquela falta de agenda e nossa dificuldade de estarmos próximos de quem gostamos, uma marca grande pode começar a ficar distante de quem importa. As pessoas.
Marcas são feitas por e para pessoas
Há as pessoas dentro da empresa e as do lado de fora. Sem ambas, não existe negócio nem marca. Orientadores claros, posicionamento consistente e compreensível, uma estratégia que faça escolhas verdadeiras, ações que impactem e sejam percebidas por todos. Sem este composto, em algum momento os indicadores financeiros vão apresentar problemas. Mais cedo ou mais tarde. Porque a complexidade vai acabar por destruir a proposta de valor que torna o negócio interessante para quem é cliente ou para quem trabalha nele. Por mais Porsches que estejam na garagem, ninguém quer ficar sem agenda para encontrar quem interessa.
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