Evolgo - Não espere o futuro, faça-o

Diversas notícias pularam na imprensa nos últimos meses a respeito do tamanho do mercado de apostas esportivas. Há estimativas apontando que movimento em torno de 100 bilhões de reais, ou 1% do PIB brasileiro, bem acima do paralelo com o mercado norte-americano (0,4% do PIB). Entre os mais humildes, 20% da renda livre é canalizada para os jogos, inclusive com pessoas usando de recurso estatal para auxílio de renda em sites de apostas. Esse volume todo de recursos acaba sendo drenado da economia, encolhendo o consumo de uma série de produtos e serviços. Assustador, não? Com certeza. No entanto há um outro duto gigantesco secando recursos, também baseado em jogos de azar. Aqui não são famílias humildes, mas ricas empresas que perdem dinheiro fazendo apostas no seu negócio. Para este outro drama, não há qualquer estimativa da quantidade de recursos desperdiçada. Mas não deve ser pouco, muito pelo contrário.

Como perder dinheiro seguindo o caminho das apostas nos negócios

Há diversas maneiras de perder dinheiro no mundo dos negócios e das marcas. Certamente você que acompanha notícias do segmento se depara de casos de fracasso. Inclusive empresas que foram motivos de sucesso no passado, acabam escorregando pelo caminho e passam a encarar um futuro menos brilhante que seu passado foi. Natura e Alpargatas estão aí para ilustrar o caso. Azzas parece estar na antessala desse mesmo encontro de fracassos. Entre os polêmicos, mas curiosos pensamentos de Scott Galloway está aquele que afirma que empresas que tiveram muito sucesso em seus anos passados são mais propensas a cometer loucuras para reviver seus melhores momentos. Muito semelhante a propensão de pessoas que foram atraentes quando jovens, buscarem tratamentos com botox na fase mais madura. Nestas loucuras corporativas, na busca por retomar o sucesso, escorregam e fracassam. Entre as variações de apostas embelezadoras, algumas são clássicas.

Aposte tudo no produto (ou no serviço) salvador!

Quando pensamos em produtos e serviços geniais (apostas certas), possivelmente venham o iPhone para a Apple e o e-commerce para Amazon. Agora imagine que os fundadores de ambas empresas dissessem o seguinte a respeito de um novo produto: “Produto mais incrível desde o computador pessoal” e "“Você tem um produto tão revolucionário que não terá problema algum em vendê-lo.” Receber esse retorno de 2 gênios empresariais como Steve Jobs e Jeff Bezos deve ser um sinal quase divino que você será o próximo bilionário do planeta. Só que não. O Segway, o produto em questão, foi um fracasso absoluto comercial, motivo de piadas e de grande prejuízo financeiro. Ao contrário da previsão que em breve você o veria zanzando pelas cidades, apenas seguranças de shopping são usuários contumazes. Uma aposta que parecia certeira, mas fez apenas o dinheiro dos investidores, entre eles o próprio Jobs, escoar pelo ralo.

Aposte tudo no preço baixo!

O preço é o maior direcionados de resultados de uma companhia. Uma extensa e famosa pesquisa da Wharton mostrou essa correlação forte, maior que a existente entre volume de vendas, custos fixos ou variáveis. O preço é aposta mais certa para crescer resultados. No entanto, em muitas salas de reunião ainda várias vozes clamam que o grande problema é o preço que precisa ser mais baixo que o concorrente. Assim começam as guerras de preço, aquelas que levam a uma espiral que no final só gera um vencedor, ao custo de todas as margens possíveis. O mercado é feito de muitos posicionamentos nos quais o de preço de combate é apenas mais um. É possível posicionar sua marca em diversos outros lugares, sobretudo naqueles em que um margem premium possa ser aplicada, já que o que entrega não é totalmente comparado às demais alternativas. Apostar apenas na direção de baixo, possivelmente vai levar sua empresa a encontrar um category killer na esquina. Poucos voltaram para contar a história.

Aposte tudo nos seus clientes atuais!

É mais barato manter um cliente do que conquistar um novo. Talvez uma das frases mais repetidas do marketing. Com um propósito, cuide do que sua marca tem hoje, não olhe tanto para o lado. Desmentida por uma série de pesquisas que mostram que marcas crescem não pela retenção nem pela frequência de clientes atuais, mas do aumento da base de cliente. Apostar em defender quem já compra de você, somente vai na melhor das hipóteses te manter no mesmo lugar, com grandes chances de diminuir de tamanho, enfrentando todos os problemas decorrentes deste encolhimento. Marcas são fortes quando contam com muitas pessoas que compram eventualmente da sua empresa. Então olhe sim para os lados, porque a caixa d’água nunca pode ser menor que a torneira. Apostar apenas nos clientes atuais vai encolher tanto a caixa que a torneira vai ficar quase seca.